Sobre a autora
Eu nunca havia lido romance ou crônica de Martha Medeiros, escritora gaúcha , a não ser frases esparsas que se encontram aqui e ali.
Sua
obra mais popular , “Divã “, publicada em 2002, teve grande
repercussão pela TV , quando logo após o sucesso no teatro com a
peça homônima, foi também apresentada em filme e depois em série
de TV. Todas tendo como protagonista a simpaticíssima e talentosa
Lília Cabral no papel de Mercedes.
Ao
cair-me às mãos, “Um lugar na janela” de início já me cativou
e solidificou minha admiração pela autora.
Sobre
o livro:
Um
lugar na janela , livro onde a autora faz relatos emocionantes e
verdadeiros de suas incríveis viagens.
Você
pode encontrá-la acompanhada ou sozinha. Com o namorado, marido ou
filha. Com o roteiro todo esquematizado em excursões , apesar de não
ser esse o seu fraco. Mas também vai encontrá-la tendo que recorrer
a amigos ou amigos de amigos dispostos ou não a recepcioná-la.
Bons hotéis ou hotéis nenhuma estrela.
Acompanhar
Martha Medeiros em seus roteiros turísticos, não deixa de ser
também uma grande aventura para o leitor.
Ao
longo da leitura vamos adquirindo tal afinidade com a autora, ficamos
tão contagiados pelas suas descrições a ponto de desejarmos nós
estarmos ali vivenciando tais experiências.
Não sou muito de viajar. Meu currículo de viagens é fraco e talvez
nunca chegue a ser assim tão competitivo como o que acabo de ler.
Como
tenho em meus planos uma viagem programada para o Peru , em meados do
ano, assim que tive o livro em mãos fui correndo ler as aventuras
de Martha em Machu Picchu e deserto do Atacama, roteiro prometido
em nossa excursão.
Ela
assim se expressa ao falar da grandiosidade das montanhas:
"As
montanhas que cercam Machu Picchu ou nos fazem rezar, ou nos fazem
calar. Não há a menor chance de se ficar indiferente ou tagarelando
sobre banalidades”
Em
resumo, é de "tirar o fôlego”. “ Machu Picchu não precisa de
efeitos: é um efeito” “E muito mais impactante que nas
fotografias”. “Baixa em nós a clara consciência do quanto somos
pequenos em contraste com uma natureza tão majestosa”.
Termina
dizendo sobre o quanto teria perdido em deslumbramento, caso não
tivesse aproveitado essa oportunidade, visto que nunca alimentara
muito entusiasmo em visitar as muralhas incas.
E
assim segue Martha com relatos emocionantes sobre as paisagens
exóticas, a culinária local, igrejas e museus. Enfim, as recordações de cada local
explorado.
Santiago
do Chile, Grécia, Japão, Nova York, Paris, Marrocos, Istambul e
tantos outros locais de onde ela deixa sempre uma mensagem positiva
despertando no leitor desejos e sonhos adormecidos.
Mas
, Martha já no começo do livro faz um alerta:
“Se
você é do tipo que não consegue se maravilhar com o que está
vendo porque está mais preocupado com os mosquitos, os remédios, as
gorjetas, o fuso horário e em checar os e-mail do trabalho, não
viaje. (…) Viajar é para quem tem espírito desbravador, mas se
você não tem, não tem.”
E
ao final do livro ela diz:
“Viajar
não cura sofrimentos, mas nos faz perceber que podemos ser bem mais
do que turistas esporádicos- podemos , isso sim, ser viajantes
durante os 365 dias do ano, em qualquer lugar em que se estiver,
incluindo onde mora. Comprometer-se com o encantamento contínuo pela
vida não impede desconfortos do coração, dívidas com o banco ou
conflitos familiares, mas dá uma trégua prá alma”.
Um
lugar na janela é um convite para deixar a comodidade do sofá, as
defesas e embarcar junto com Martha. O bom viajante é aquele que
está aberto a imprevistos, ou seja , a viver”