Neste dia do trabalho, revirando em meus arquivos encontrei um texto que fala sobre uma classe muitas vezes esquecida ou menosprezada. Os trabalhadores rurais que passam seus dias no campo expostos à intempéries, em condições de trabalho muitas vezes precárias.
Ocorre que é dessas
mãos calejadas que provem todo nosso sustento diário, pois como
muitos não sabem, o arroz, o feijão, o leite, o óleo e muitos
outros alimentos, precisam ser semeados, cultivados e depois
colhidos, para que só então possam chegar até nossa mesa.
Lembrei-me de um texto que escrevi há tempos atrás, mas que continua atual.
Certa manhã , fazendo minha caminhada matinal fui observando a quantidade de trabalhadores rurais que encontrava a cada esquina à espera de sua condução para a roça.
E assim , nasceu o texto que republico, na íntegra como o escrevi na época. Não estranhem o começo do texto, pois essa "observação" foi feita num dia qualquer, mas que condiz com o momento de hoje.
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O
trabalhador Rural
Hoje
não é o dia do trabalho e muito menos do trabalhador rural.
Mas
durante esta semana , em vista do calor excessivo que já inicia o
dia incomodando, tenho iniciado minhas atividades físicas bem mais
cedo.
E
esse antecipar colocou -me frente a um novo elemento na paisagem. O
que me levou a falar sobre essa classe de trabalhadores rurais tão
importantes para o progresso do país, mas ao mesmo tempo
desvalorizada e muitas vezes explorada.
Aqui
na minha realidade desconheço essa prática, mas os noticiários
denunciam constantemente o abuso de patrões que movidos por uma
ambição desmedida colocam em primeiro lugar seus lucros e mantém
seus trabalhadores sob péssimas condições de trabalho.
Enquanto
vou andando vou encontrando pequenos grupos aqui e ali, à espera do
transporte que os conduzirá ao trabalho.
Pertencem
à classe dos boia frias, ou seja aqueles que não tem trabalho
fixo. Sua jornada é incerta e varia conforme o ciclo das safras e
necessidade de mão de obra.
A
falta de qualificação para o trabalho faz com que o trabalho
braçal seja sua última opção. Uma melhor qualificação poderia
colocá-los na condição de assalariados permanentes, um local de
trabalho fixo, tratoristas e até, quem sabe, numa condição de
arrendatários.
Analfabetos
ou semi analfabetos, a última opção para quem quer viver com
dignidade ainda é o trabalho braçal. Mesmo morando na cidade, as
oportunidades são poucas para essa classe de trabalhadores. O setor
de construção civil, procurado por muitos, também acaba por ficar
saturado.
Durante
esses anos de luta do setor, uma das conquistas através do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais, foi a melhoria do transporte. De caminhão,
transporte antigo e sem segurança, conseguiram a mudança para o
transporte em ônibus sem super lotação. Conquistaram também a
consolidação de 8 horas de trabalho com acréscimo de horas extras,
dependendo de cada caso, evitando assim o abuso de patrões sem
escrúpulos.
Mas
no interior, pequenos proprietários ainda transportam seus
trabalhadores empoleirados em carrocerias ou carretas sem bancos
fixos e desprovidos de qualquer proteção.
Viajam
expostos às intempéries climáticas como também a eventuais
obstáculos que possam surgir durante o transporte, por
exemplo,obrigando o motorista a uma freada brusca.
É
a clandestinidade sempre presente em diversos setores trabalhistas.
texto escrito em 02/03/12
18:37:27
"Que o trabalho de suas
mãos se transforme em bênçãos a todos que receberem os alimentos
que cultivas. Que jamais percas a fé na natureza e no Criador e
saibas, que, se neste ano a colheita não foi tão produtiva, Deus te
dará meios para que na próxima, certamente ela o será."