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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

REFENS DO MEDO





Fala-se tanto em fazer o bem , praticar ações que geram transformações . Mas nunca esteve tão difícil colocar em prática esse gesto de cidadania. Cada vez  menos freqüentes estão os gestos de cidadania , gentilezas , praticar  boas virtudes, compaixão  e valores estão a cada dia mais negligenciados .

 Vivemos amedrontados  com tantos noticiários nos informando de violências , gestos monstruosos praticados aleatoriamente . Tudo isso acaba gerando o individualismo , a viver voltado somente para seus próprios interesses , sua sensibilidade e compaixão embotados .

 Nada mais compreensível, comportamento que pode ser interpretado como uma reação de autodefesa. Vivemos prevenidos contra tudo e contra todos . O medo , a desconfiança são nossos companheiros constantes.

 Nesta  semana , descendo uma avenida movimentada na cidade vizinha , a poucos passos de mim, vindo ao meu encontro percebi que um jovem senhor me olhava fixamente .
 Fiquei apreensiva, pois sei que pessoas idosas costumam ser alvos fáceis de meliantes.

Ao se aproximar, ele me cumprimentou fazendo menção de parar. Respondi a seu cumprimento, mas apressei o passo.
 Foi então que ele disse numa voz calma : “Não precisa ficar com medo! Não sou bandido!
-Estou com pressa, respondi! Mas ele continuou:
“Eu só quero alguém que me pague um salgado ou  uma refeição. Está tudo muito caro e não tenho dinheiro!”

Seu aspecto era o de um trabalhador. Assim me pareceu, pois tinha as mãos grossas e unhas encardidas. A roupa não era farrapos, mas em mau aspecto.
 Parei então para escutá-lo, olhar atento ao meu redor, receosa de ser vítima de qualquer surpresa desagradável  .

Estávamos na frente de uma lanchonete. Pedi que entrasse, e após verificar que prato pedir deixei  paga a refeição, a qual ele ficou muito agradecido.

Não faço esse relato por vaidade  ou para me enaltecer . Quero apenas mostrar o quanto a violência nossa de cada dia vem interferindo negativamente no nosso dia a dia . Ultimamente tenho vivenciado experiências assim , que me deixam indecisa entre ajudar ou não.

Felizmente , ainda não encontrei pessoas com segundas intenções e o bom senso tem me conduzido a ajudar . Mas , diante de tanta criminalidade que a mídia nos mostra ,tanta violência , golpes contra idosos , o melhor mesmo é ficar sempre de prevenção .

 Conhecem aquele caso onde uma criança se acercou do portão de uma idosa e pediu para pegar a pipa que havia caído em seu quintal?
 Pois bem , era, nada mais  nada menos que uma emboscada .Assim que a senhora abriu o portão , o resto bando veio e dominou a idosa . Bem , o que aconteceu depois já é fácil imaginar ...

Acabamos por nos sentir ameaçados até diante de rostos "aparentemente" inocentes !
Em tempos de hoje, desconfie até de quem lhe pede um copo d'água no portão !






segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Fazendo a diferença !



No último sábado , um quadro do programa “caldeirão DO Huck" chamou minha atenção .
 Dona Adaltiva foi homenageada pelo grande trabalho humanitário que desenvolve em Icem , São Paulo, há 35 anos .
 O que chama a atenção é a idade de dona Adaltiva, que aos 89 anos ainda encontra forças e entusiasmo  nesta sua longa jornada de ajuda ao próximo.



Entusiasta da causa , dona Adaltiva busca a ajuda de colaboradores e vai confeccionando enxovais de recém nascidos para receber os novos bebês das  futuras mamães carentes do pequeno município.
Segundo testemunho da filha , dona Adaltiva já deve ter distribuído nestes 35 anos de doação , cerca de cinco mil kits de enxovais para recém-nascidos .

Tendo em vista que  a população do município gira em torno de 7.000 habitantes , pode-se dizer que dona Adaltiva recepcionou quase todos os mais jovens de Icem cujas mães se encontravam em situação vulnerável.

O trabalho de Dona Adaltiva é sem dúvida exemplar e digno de reconhecimento . Num país de tanta desigualdade social e ausência de políticas públicas que atendam a essa população carente ,não só de forma assistencialista mas, motivando-as a fazer parte de projetos públicos que as ensinem a se valorizar e buscar o próprio recurso para aquisição de seu próprio sustento , a população intervém da maneira que considerar conveniente.

Não que eu seja contrária a projetos sociais de assistência imediata como a “Colmeia” de Dona Adaltiva  . E “tiro meu chapéu” para ela ! Assim tivéssemos espalhadas pelo Brasil ou no mundo todo “muitas Adaltivas”, que apesar da idade já um pouco adiantada esquecem-se das próprias dores em favor o próximo.

Mas não posso deixar de notar aqui a ausência do poder público que poderia atuar de forma a  favorecer  políticas públicas de inclusão dessas mães em projetos construtivos de valorização pessoal , aprendizado e informações .
 Dias atrás , fui convidada a fazer parte de um desses projetos aqui  em meu município.

Reiniciando os trabalhos com a ‘Pastoral da Criança” , além de todo trabalho de informação e orientação a gestantes , pretende-se implantar também um programa de ajuda às futuras mamães na confecção própria do enxovalzinho de seu bebê.

Serão orientações simples e básicas como acabamento em fraldas , pintura , crochê, bordado  e tudo mais que possamos oferecer a elas com cuidado e carinho, devolvendo-lhes a auto estima através do prazer de sentir-se úteis  capazes  e produtivas.
O que se pretende é “ensiná-las a pescar e não dar o peixe pronto “!

E volto a dizer : ‘Dona Adaltiva é gente que faz !”

sábado, 8 de agosto de 2015

Hoje é dia de Pai!





Desde ontem tenho visto muitos abraços nas reportagens de TV.
 Abraços de congratulação... abraços de reencontro ... abraços de reconciliação
  É que hoje , melhor dizendo, amanhã é dia oficial dos pais . E , claro , pais são muito importantes na construção do caráter e educação dos filhos .

 Pai amigo
Pai presente , pai ausente
 Pai exemplar
 Pai irresponsável...
 Pai alegre e brincalhão ..pai sisudo
Todos tem o seu mérito e suas razões para serem felicitados .



 Mas entre tantos sorrisos , abraços , afagos elogios e parabenizações um episódio chamou minha atenção durante essa semana na mídia .     
                   Ronei Wilson Jurfitz Faleiro, pai de Ronei Faleiro Junior , desabafa numa entrevista ao jornal da região :  
  “Não adianta mais nós pais nos colocarmos em uma situação de proteção.

Infelizmente a dor que eu vou ter que carregar pro resto da minha vida é de que eu não consegui proteger o meu filho. O que deveria ser a missão mínima de um pai”


Eu me emocionei vendo  aquele pai ali se desmanchando em lágrimas , ele , o pai  sentindo-se um pouco responsável pela morte do filho.   Seu filho lhe é arrebatado cruelmente e barbaramente e o pai  atribui parte da culpa a si próprio! É seu instinto de proteção falando mais alto !

 “ Eu não consegui proteger meu filho “ desabafa o pai!

Querido pai , eu o compreendo . Imagino a sua dor , mas infelizmente “as feras estão soltas” e insaciáveis ...

Meu Deus , em que mundo nós estamos ? Que tipo de homens a sociedade está formando ? 


 Muitos já nem merecem o título de animais , mas, monstros mesmos ! Monstros sem coração e sem consciência . Nem um tipo de arrependimento toca o coração desses agressores , feras famintas por sangue ...

Desculpem , eu gostaria de ter outras palavras para dizer neste dia dos pais, mas a imagem desse pai inconformado  e cheio de dor não me sai da cabeça e do coração .

 Por outro lado também posso ver a decepção estampada no rostos dos pais dos filhos agressores do adolescente agredido até a morte !

Estarão eles também se culpando ? Se remoendo de remorsos ou se achando culpados pela falha na educação de seus filhos ?  

A todos esse pais maltratados  pela dor , deixo aqui o meu abraço  desejando paz e sossego de espírito a todos eles 

Não os considero culpados Ao pai que pensava poder proteger o filho das maldades do mundo  e também não considero culpado os pais dos agressores . Nem sempre os pais são culpados  Vivemos num mundo de valores invertidos que acabam por ter mais força na educação dos filhos do aquilo que aprendem em casa.  

 O que eu quero desejar neste dia é que a esperança seja plantada no coração desses pais. 
 Infelizmente uma vida inocente foi tirada . Não há retorno! 
Vamos rever nossas semeaduras . O que estamos semeando ? Estamos tendo cuidado na seleção das sementes? 


Família , escola , sociedade em geral : Vamos repensar nossos valores! Amor ,  Respeito , Amizade  Honestidade,  devem fazer parte do currículo de nossos jovens .
 Sã ingredientes necessários para que se forme cidadãos íntegros e conscientes de seu valor na sociedade .

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Quer ver a reportagem completa do adolescente Ronei, cique no link abaixo 




Adolescente é espancado até a morte em festa no Rio Grande do Sul