Nestas duas últimas semanas os noticiários vêm nos bombardeando com trágicas notícias sobre acidentes ditos “fatais”.
Fatalidade tornou-se o termo usado para explicar irresponsabilidade de terceiros que culminam com vítimas fatais.
Fatalidade para o caso da menina Grazielly(3 anos), atropelada e morta no sábado anterior (18/02) por um jet ski desgovernado, enquanto fazia castelos de areia com a mãe, numa Praia em Bertioga.
Uma vida interrompida pela tal “fatalidade”. A alegria da praia que deveria trazer boas lembranças, acabou em tragédia.
Fatalidade também para o caso da adolescente Gabriela de 14 anos, vítima de um “acidente” no parque de diversões Hopi Hari em Vinhedo, próximo a Campinas, no último sábado (24/02).
Quando frequentamos um parque de diversões ou permitimos que nossos familiares experimentem os brinquedos, “supõe-se” que todos estejam dentro das normas que regulamentam seu funcionamento. Acreditamos que saõ seguros e monitorados também por pessoas preparadas e responsáveis. Ou seja,colocamos nossas vidas nas mãos de quem maneja o brinquedo como também a colocamos nas mãos de condutores de ônibus, carros ou aviões .
Acidentes acontecem, mas nos dois casos há muito de imprudência e irresponsabilidade.
E o descaso com a vida alheia é tamanho, que o parque sequer foi interditado para averiguações. Muito menos tomou a iniciativa própria de encerrar as funçoes até que a perícia concluisse as iinvestigações. Apenas isolou-se o briquedo em questão.
Como disse a mãe da jovem, num desabafo: “Minha filha estava sendo enterrada e o parque continuava em funcionamento”
O descaso com a vida está tão acentuado, que tirar vidas está deixando de chocar as pessoas.
O que é fatalidade?
Segundo o dicionário, fatalidade= inesperado, inevitável. Inadiável, …
Fatalidade pode ser considerado o fato das vítimas estarem em lugar errado, na hora errada.
Mas atropelar alguém por não saber conduzir um veículo automotor, uma embarcação qualquer, não pode ser considerado fatalidade.
Inconsequentes os pais, quem forneceu a embarcação, a fiscalização falha e também o condutor.
Inconsequente também quem monitorava o brinquedo no parque, por que já ficou provado pela perícia que o brinquedo não apresentava falha mecânica. A falha pode ter sido do funcionário que não checou se o cinto de segurança do público envolvido naquele momento com o brinquedo estava bem travado.
A fatalidade está em justamente o cinto da Gabriella não estar bem travado. Mas o que não inibe a responsabilidade do funcionário que não cumpriu sua função.
Vidas destruidas. Famílias que se alimentarão das doces lembranças do filhos queridos. Famílias atormentadas pelo remorso . Réus que carregarão um trauma gritante pelo resto da vida.
Vidas estragadas pela deficiência de formação de caráter.
Quanto vale uma vida? Para onde caminha a humanidade?