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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Na sala de espera do consultório médico


 Maternidade, um misto de dor e alegria...
As salas de espera de consultórios médicos parecem réplicas uma da outra: sofás esparramados pelos cantos, pilhas de revistas com assuntos ultrapassados , quadros sóbrios nas paredes e ultimamente todos têm uma TV na parede da frente, mas com som tão baixo que acaba por não atrair a atenção.
Logo que cheguei à porta do consultório lamentei ter-me esquecido do livro que havia planejado levar, a fim de tornar menos penosa a espera.
Algumas pessoas já se encontravam ali dentro . Umas estavam tão entretidas com a leitura que nem levantaram o olhar quando entrei. A recepcionista do outro lado do balcão parecia aborrecida. Chamou-me como se fosse me aplicar um castigo. Bem, mas prá falar a verdade ela deve ter intuído que seria mesmo um castigo o exame que eu iria fazer. Não era nada agradável.
Sentei-me disposta a esperar. A TV não oferecia nada atraente e as revistas...bah! Estas, sem comentário.
Chamou-me a atenção o jovem casal que entrou dali há instantes. 
Ela, tão bela no seu rosto juvenil, pele de porcelana e um leve sorriso no canto dos lábios.
Aquele ar maternal , aquela doçura que só as gestantes sabem o segredo.
O ventre proeminente indicando que a gestação já estava em sua última fase, também indicava um perfil mingnon.
Ele, sisudo, cabisbaixo, indiferente. Sentou-se e imediatamente apossou-se de seu tablet e um celular que colocou do lado no assento e que consultava sempre. Os dedos ágeis não arredavam da tela do tablet. Nem tampouco seu olhar. Parecia isolado de tudo e de todos. Freneticamente manipulava aquela tela, enquanto a jovem mamãe parecia impaciente apesar do ar angelical que portava. Levantava-se a todo momento numa ansiedade visível.
Dali a instantes a recepcionista a chamou. Ela toda meiga se dirigiu ao marido : Mor, sobe comigo? ( a sala de consulta era no piso superior)
Indiferente ele apenas resmungou que ela fosse indo que ele iria depois “se precisasse”.
Docilmente ela obedeceu.
Eu fiquei ali a me questionar como era possível tamanha frieza diante da chegada possivelmente do primeiro filho. Pensei na insegurança daquela doce jovem. Quantos anos teria? Talvez 18 ou até menos.... Cogitei sobre seus medos, ansiedade frente ao caminho da maternidade, um percurso nunca antes trilhado....

A maternidade é uma escolha que exige maturidade e responsabilidade, além de muita força e coragem para enfrentar com sabedoria as dificuldades que provavelmente surgirão. E que esta mãe já está enfrentando...
Mas, paternidade não exige também a mesma maturidade e responsabilidade? Não são ambos responsáveis pelo pequeno ser anunciado?
É a doce e jovem mamãe já misturando dor e alegria diante dessa sua primeira experiência de maternidade.
Prazer pelo sonho realizado, ansiedade diante do desconhecido e frustração diante da indiferença do companheiro.
Dentro de uns 30 ou 40 minutos ela desceu. A indiferença continuou. Nenhum sorriso, nem um olhar interrogador diante da jovem mamãe que pela aparêmcia poderia até já ter deixado marcado a provável data do parto...


poderá gostar de:
  • salas de espera
 http://kantinhodaedite.blogspot.com.br/2013/01/salas-de-espera.html



4 comentários:

  1. Também como tu, gosto de perceber os lugares que frequento. Fico impressionada com casos como deste pai. O que será dela quando a hora chegar? Ou se tiver que acordar à noite para atender o bebê?Poderá contar om ele? Ou o tablet será também mais importante; Dá uma raiva e uma pena de assistir casos assim.

    Pena, mas ele nem sabe o quanto há de perder na vida , momentos lindos, se assim continuar. Tomara mude! beijos,chica

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  2. Impressionou-me a juventude da moça! Tão jovem e já enfrentando uma situação assim1 Fico pensando como será sua vida após o nascimento do bebê...

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  3. Olá, tudo bem? Só nesse tipo de ambiente que dou uam conferida nas revistas de celebridades. Rs... Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net

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  4. Ah, Edite, isso é muito triste...

    Se ele a trata assim em um momento em que nós, mulheres, ficamos tão sensíveis, imagine com não será depois...

    Sinto também pena da criança que, pelo que parece, não terá muito apoio do seu pai...

    Mas tudo pode mudar, né? Quem sabe qunaod ele vir o sorriso do bebê ele amoleça o coração???

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