No post
anterior onde falei sobre a pureza e ingenuidade das crianças, nas
entrelinhas entende-se que criança precisa brincar e ter uma
família que a ampare , respeite e proteja
O ato de
brincar promove um desenvolvimento saudável, ajuda na interação
social com os companheiros , resolução de conflitos promovendo
sociabilidade e desenvolvendo sua criatividade e inteligência.
Brincar é
um direito da criança que já traz ao nascer esse espírito lúdico
que vai tomando forma e ganhando espaço de acordo com os estímulos
que recebe dos familiares e outras atividades na escola, bem como na
interação com os demais à sua volta.
Infelizmente
não é assim que acontece. A exploração do trabalho infantil se
faz a cada dia mais presente em nossa sociedade. Não estou aqui
falando da exploração agrícola , em minas de carvão ou qualquer
outra modalidade mais agressiva de exploração de trabalho infantil.
Refiro-me
à situação de crianças de rua . Pedintes ou vendedores de “balas
, chicletes ou qualquer outro doce., o que não deixa também de ser
uma exploração
Crianças
que deveriam estar na escola , mas que por alguma razão que
desconhecemos a fundo, tiraram-lhe o direito ao estudo ou lazer.
Ao nos
deparar com tal situação, muitas vezes não sabemos como agir.
Comprar ou não comprar? O que diz sua consciência?
Leiam o
texto abaixo, uma cena com que me deparo várias vezes pelas ruas da
cidade. E que qualquer um de vocês também possa ter vivenciado.
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Como
agir diante de um rostinho triste que com vozinha baixa e chorosa te
aborda e diz:
-
“Moça, compra uma cartela de chicletes. O gás lá em casa acabou e
eu preciso de dinheiro”.
A
minha consciência me diz que não é certo. Que não devo incentivar
aquela criança a usar desse artifício, um meio fácil de ganhar
dinheiro nas ruas.
Mas
como resistir a tal apelo?
Pergunto
onde está a mãe. Ela responde baixinho apontando com o dedo que a
mãe está lá fora da loja onde nos encontramos.
Criança
na rua pedindo ou vendendo “doces” é sinal de que alguma coisa
não vai bem na família. Pode ser que haja alguém doente ou
desempregado e a família necessite desse complemento para completar
a renda.
Comprar
ou não comprar? Eu até resisto e fico alguns minutos conversando
com a pequena.
“Mas
ela está vendendo, eu penso. Poderia estar pedindo ou roubando!
Eu
ainda tento: Não tenho toda esse valor em trocados na carteira.
Mostro o que tenho e ela aceita. Parece que a necessidade era grande
na família, e tudo que vier é lucro!
Resultado:
acabei ficando com a cartela de chicletes e ainda fiquei com remorso
por não ter o valor total da compra. Saí da loja e ela continuou
por ali abordando mais alguns clientes, o que , acho que deveria ser
proibido.
Mas
a exploração já começa daí: fica difícil “expulsar” uma
criança da loja!
Evidentemente
, a mãe ou quem quer que seja que a estivesse “usando” deveria
estar de longe monitorando “o trabalho”. Enquanto a criança fica
exposta a inúmeras situações de risco o melhor do trabalho seria
feito pelo adulto: contar o dinheiro.
Ou não! O responsável poderia também estar em alguma esquina vendendo algum outro produto, guardanapos por exemplo... A menina seria a "isca" para dobrar o salário. Na realidade não se sabe o que a fundo acontece na família.
Comprar
a mercadoria eu sei que não ajuda no real sentido da palavra. É uma solução de emergência e apenas
favorece o ciclo vicioso para dar continuidade a essa forma de ganhar
dinheiro fácil nas ruas.
Uma
situação que merece mais atenção de nossas autoridades. O ECA
está aí para garantir à criança e ao adolescente o direito a um
desenvolvimento saudável, o direito à família , ao lazer e ao esporte.
Mas
em nosso país , infelizmente encontra-se muita dificuldade em
colocar em prática as leis , tornando-as praticamente ineficazes..
14/09/14
19:50:48