Eu confesso que estava difícil fazer esta
resenha do livro “O silêncio das
Montanhas” De Khalled Hosseini.
Uma leitura fragmentada , cheia de quebras, que mais
parece um livro de contos .
Sim , contos muitas vezes com personagens
interligados, em outras vezes eu me perguntava o porquê daquele capítulo para tal personagem.
Assim como em seus outros romances , o autor fala
de experiências dolorosas pelas quais passaram os personagens e como suas vidas
foram marcadas pelas escolhas feitas.
Mostra tudo de forma tão realista que o leitor se
envolve empaticamente com cada personagem .
--O sofrimento de Shuja , o cachorro de Pari,
sentindo a sua ausência é descrito de tal forma a nos transportar no tempo e na
dor do cão e de Abdullah
"Somente em Shuja ,Abdullah via um reflexo de sua dor. O cachorro aparecia na porta da casa todos os dias. Parwana atirava pedras. O pai ameaçava com um bastão. Mas ele continuava voltando."
--Reconhecer nossa fragilidade frente ao tempo e ao destino, uma
releitura das escolhas que fizemos com um propósito , mas a vida ofereceu outro
.Não somos donos do tempo e do nosso destino. A vida pode tomar rumos
diferentes.
"Dizem que a gente deve encontrar um propósito na vida e viver este propósito. Mas, às vezes, só depois de termos vivido reconhecemos que a vida teve um propósito, e talvez um que nunca se teve em mente."
--O lamento de um amor que se foi . Mas tudo já está escrito. Não há lamento , não há remorso , não
há arrependimento que apague atitudes passadas.
"Esse
pequeno vislumbre frágil e bruxuleante de como poderia ter sido entre nós. Só
causaria remorso, digo a mim mesmo, e o que há de bom no remorso? Não traz nada
de volta. O que perdemos é irrecuperável."
Esta frase eu encontrei lá no “conto” capítulo 8, que conta a história de Thalia e MarKos . Depois do drama de Abdullah e Pari , este foi o capítulo que mais me prendeu e emocionou .
Com Thalia se aprende a supremacia da
inteligência sobre a aparência
É preciso coragem e determinação para
enfrentar o mundo como Thalia enfrentou, a despeito do preconceito e
discriminação pela sociedade .
Uma história triste de uma criança
marcada pela dor retratada no seu rosto desfigurado , os inúmeros casos de amor
de uma mãe fútil e vulgar que no fim a abandona
Desse capítulo marcante ficou-me os
dizeres :
-“A beleza é uma dádiva imensa e imerecida , distribuída aleatória
e estupidamente “.
O mundo não via o seu interior , não se importava com seus
sonhos, as esperanças e as tristezas que podiam existir sob a pele e os ossos .Simplesassim. Absurdo e cruel”
Bem, para um livro de contos fragmentados ,
uma resenha fragmentada .
Mas valeu a leitura . O autor nos leva a caminhar no
tempo de 1949 a 2010, viajando por vários continentes . Cabul, Paris ,
Grécia e Estados Unidos são algumas
dessas viagens , onde o leitor vai conhecendo relatos minuciosos sobre os
vários personagens , emociona-se , questiona e também aprende.
O reencontro dos dois
irmãos , Pari e Abdullah acontece no final do livro , após meio século ou mais de separação. Encontro
marcado pela dor , alívio pela ausência
enfim compensada , mas tristeza pelo estado demente de Abdullah .
Afinal , assim
é a vida . Nem sempre vem embrulhada com papel de presente ! Nem sempre oferece aquilo que esperamos .
Esta foi a mensagem final
que talvez o autor queira ter passado . Pelo menos eu assim assimilei.
Recomendo!!!
."
Tudo acontece em torno da separação de Pari e
Abdullah.
O autor avança e retrocede no tempo, de 1949 até
2010, para ilustrar as lembranças e desfechos de vários personagens
ligados aos protagonistas. Assim conhecemos Nabi, o chofer que, sem perceber,
conquista o coração de seu patrão. A poeta Nila Wahdati, filha de um
afegão e de uma francesa.
Os primos Idris e Timur, que fugiram do Afeganistão
e agora vivem nos Estados Unidos. Adel, que está prestes a descobrir que o pai
pode ser um criminoso.
O médico
grego Markos, que nos apresenta o capítulo mais marcante, direto de
Tinos, na Grécia.
E as irmãs
Parwana e Masooma, que por conta da inveja enrustida, podem ter sido as
responsáveis por todo o sofrimento da história.
Os nove
capítulos são como contos entrelaçados, ambientados no Afeganistão, Estados
Unidos, França e Grécia
Você traçou um caminho onde os fragmentos despertaram meu interesse. A dor existe em todos os cantos do mundo e o que difere é a maneira como as pessoas lidam com ela. Gostei, Edite! Bjs.
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