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quarta-feira, 10 de junho de 2015

O Silêncio das montanhas : RESENHA






Eu confesso que estava difícil fazer esta resenha  do livro “O silêncio das Montanhas” De Khalled Hosseini.

Uma leitura fragmentada , cheia de quebras, que mais parece um livro de contos .
 Sim , contos muitas vezes com personagens interligados, em outras vezes eu me perguntava o porquê daquele capítulo para tal personagem.
Assim como em seus outros romances , o autor fala de experiências dolorosas pelas quais passaram os personagens e como suas vidas foram marcadas pelas escolhas feitas.
Mostra tudo de forma tão realista que o leitor se envolve empaticamente com cada personagem .
--O sofrimento de Shuja , o cachorro de Pari, sentindo a sua ausência é descrito de tal forma a nos transportar no tempo e na dor do cão e de Abdullah

"Somente em Shuja ,Abdullah via um reflexo de sua dor. O cachorro aparecia na porta da casa todos os dias. Parwana atirava pedras. O pai ameaçava com um bastão. Mas ele continuava voltando."

--Reconhecer nossa fragilidade frente ao tempo e ao destino, uma releitura das escolhas que fizemos com um propósito , mas a vida ofereceu outro .Não somos donos do tempo e do nosso destino. A vida pode tomar rumos diferentes.

"Dizem que a gente deve encontrar um propósito na vida e viver este propósito. Mas, às vezes, só depois de termos vivido reconhecemos que a vida teve um propósito, e talvez um que nunca se teve em mente."

--O lamento de um amor que se foi . Mas tudo já está escrito. Não há lamento , não há remorso , não há arrependimento que apague atitudes passadas.

"Esse pequeno vislumbre frágil e bruxuleante de como poderia ter sido entre nós. Só causaria remorso, digo a mim mesmo, e o que há de bom no remorso? Não traz nada de volta. O que perdemos é irrecuperável."

Esta frase eu encontrei lá no “conto” capítulo 8, que conta a história de Thalia e MarKos . Depois do drama de Abdullah e Pari , este foi o capítulo que mais me prendeu e emocionou .
Com Thalia se aprende a supremacia da inteligência sobre a aparência
É preciso coragem e determinação para enfrentar o mundo como Thalia enfrentou, a despeito do preconceito e discriminação pela sociedade .
Uma história triste de uma criança marcada pela dor retratada no seu rosto desfigurado , os inúmeros casos de amor de uma mãe fútil e vulgar que no fim a abandona
Desse capítulo marcante ficou-me os dizeres :

-“A beleza é uma dádiva imensa e imerecida , distribuída aleatória e estupidamente “.
O mundo não via o seu interior , não se importava com seus sonhos, as esperanças e as tristezas que podiam existir sob a pele e os ossos .Simplesassim. Absurdo e cruel”
 
 Bem, para um livro de contos fragmentados , uma resenha fragmentada . 
Mas valeu a leitura . O autor nos leva a caminhar no tempo de 1949 a 2010, viajando por vários continentes . Cabul, Paris , Grécia  e Estados Unidos são algumas dessas viagens , onde o leitor vai conhecendo relatos minuciosos sobre os vários personagens , emociona-se , questiona e também aprende.


O reencontro dos dois irmãos , Pari e Abdullah acontece no final do livro , após meio século ou mais de separação. Encontro  marcado pela dor , alívio pela ausência enfim compensada , mas tristeza pelo estado demente de Abdullah .
Afinal , assim é a vida . Nem sempre vem embrulhada com papel de presente ! Nem sempre  oferece aquilo que esperamos .
Esta foi a mensagem final que talvez o autor queira ter passado . Pelo menos eu assim assimilei.

Recomendo!!!
 


."




Tudo acontece em torno da separação de Pari e Abdullah.
O autor avança e retrocede no tempo, de 1949 até 2010, para  ilustrar as lembranças e desfechos de vários personagens ligados aos protagonistas. Assim conhecemos Nabi, o chofer que, sem perceber, conquista o coração de seu patrão.  A poeta Nila Wahdati, filha de um afegão e de uma francesa.

Os primos Idris e Timur, que fugiram do Afeganistão e agora vivem nos Estados Unidos. Adel, que está prestes a descobrir que o pai pode ser um criminoso.
 O médico grego Markos,  que nos apresenta o capítulo mais marcante, direto de Tinos, na Grécia.
 E as irmãs Parwana e Masooma, que por conta da inveja enrustida, podem ter sido as responsáveis por todo o sofrimento da história.
 Os nove capítulos são como contos entrelaçados, ambientados no Afeganistão, Estados Unidos, França e Grécia

Um comentário:

  1. Você traçou um caminho onde os fragmentos despertaram meu interesse. A dor existe em todos os cantos do mundo e o que difere é a maneira como as pessoas lidam com ela. Gostei, Edite! Bjs.

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