Estamos a um dia do final do mês de março , considerado o mês mais fatal em questão da disseminação do vírus . Foram grandes as altas de internação e infelizmente também muitas mortes . Muitos que se foram sem dizer adeus , muitas lágrimas. silenciosas , muitas despedidas à distância . Muitos que não tiveram oportunidade de dar um último adeus , o conforto de um olhar …
Um ano de pandemia , um ano de quarentena ! Muitas frustrações , planos adiados , o contato com familiares reduzido a conversas online …
Um descontrole total : comércio paralizado , economia do país prejudicada ,demissões , desemprego , educação sofrível apesar dos esforços dos professores que tiveram que se reinventar .
O apelo para o isolamento continua . Quando se restringe a circulação de pessoas , tende a diminuir a circulação do vírus . Mas muitos ainda “não acreditam nessa teoria” , infelizmente .
E a bola de neve continua : pessoas circulando irresponsavelmente, eventos clandestinos se sucedem apesar da fiscalização . Então... aumento do número de casos , UTIs lotadas, mortes por falta de assistência , falta de medicamentos , falta de leitos...
E assim terminamos março chorando nossos mortos , inseguros , assustados a cada dia mais com as notícias transmitidas pelos noticiários e a confirmação diante de nossos olhos do vizinho ou do parente que não resistiu ao ataque do vírus .
Prognósticos para abril ? Eu sinceramente nada vejo , apesar de me agarrar com fé e pedir insistentemente a Deus que nos proteja , extirpe esse vírus mortal da face da terra .
Nos dê de volta não um "novo normal ". Mas sim , que voltemos verdadeiramente à nossa vida de antes , que recuperemos nossos abraços , apertos de mão , nossas visitas à igreja e demais lugares saudáveis . Que as crianças possam retornar à suas atividades escolares presencialmente sem medo e sem tantas restrições ...
Nas manhãs, a cada dia mais deprimente, me lembro daquele poema de Castro Alves intitulado "Vozes da África " que recitávamos na fase ginasial :
" Deus , ó Deus , onde estás que não respondes ?
Em que mundo, em qu'estrela tu te escondes
Há dois mil anos lancei meu grito
Que embalde desde então
corre o infinito
Ondes estás , Senhor Deus ?..."