"Convivendo com a fragilidade de minha mãe eu descubro minha própria fragilidade e reflito sobre a efemeridade da vida"
Frequentemente eu retorno ao tema envelhecer.
Mas, convivendo diariamente com uma mãe idosa eu não consigo simplesmente “assistir” passivamente às dificuldades de seu envelhecimento sem me sensibilizar.
A idade avançada de minha mãe desperta em mim mais compaixão do que eu gostaria. As suas dificuldades me colocam diante de minha própria fragilidade. Tocam-me de forma excessiva.
É olhando para minha mãe que descubro a totalidade do meu ser e reflito sobre a efemeridade da vida.
Quando escrevo sobre o tema envelhecer não quero aqui gerar polêmicas, mas apenas expressar meus sentimentos em relação a essa etapa da vida. Sejam vocês leitores jovens , já idosos ou como eu, já fazendo parte das estatísticas como cidadã a caminho da velhice.
Durante a semana anterior, a experiência que tive com minha mãe hospitalizada me marcou profundamente.
A vivência nos mostra que para uma pessoa já com seus 95 anos e confusão mental já instalada, estar em casa na companhia de familiares flui de maneira bem mais confortável e estimulante.
Mas diante da gravidade do caso, o médico recomendou alguns dias de internação.
Saindo do consultório,minha mãe demonstrou não entender nada do que estava acontecendo. Como uma criança dócil foi levada para para o hospital e em seguida para o quarto sempre com nossa presença confortadora .
A simples mudança de rotina, o ficar confinada naquele quarto estranho como ela mesmo se referia, o movimento da enfermagem entrando e saindo do quarto para os procedimentos hospitalares alteraram sua rotina de sono e colaboraram para acentuar o que chamam de delirium agudo.
Então eu me vi diante de uma pessoa que eu não conhecia.
A agressividade tomou o lugar da docilidade. Conversas sem nexo, teimosia e uma desobediência que beirava à infantilidade. Nada a continha.
Tentei de todas as formas evitar que fosse preciso chegar ao extremo de “contê-la” na cama de forma mais agressiva. Mas infelizmente eu não consegui. Ou melhor, não conseguimos.
Vê-la presa ao leito mais irritada e agressiva ainda e sem entender o porque daquela atitude drástica foi muito triste.
O alívio veio com a alta hospitalar ao final do 5º dia.
Foi comovente vê-la chegar em casa e aos poucos ir reconhecendo seu cantinho, sua cama,seus objetos pessoais, a mobília, o bichano...
Abrir a porta e se deparar com seu mundinho a fez revigorar. A tranquilidade voltou. Seus horários foram retomados e a recuperação está tranquila.
A dimensão do seu lar manifestou-se de uma forma intensa e surpreendente trazendo-lhe segurança e conforto.
Minhas considerações sobre "envelhecer"
Internação hospitalar deprime qualquer um de nós, independente da idade. Mas, para um idoso as complicações podem ser muito mais graves.
Não quero parecer pessimista , nem dizer que necessariamente todos iremos passar por esse estágio de declínio mental ou físico. Conheço vários exemplos de bom envelhecimento.
Mas digo também que nos tempos de hoje muitos são os artifícios a que se recorre para apagar as marcas do tempo, que nada mais são do que apenas formatações e restaurações superficiais do corpo.
Entretanto plásticas psíquicas ainda não existem. A não ser um cuidado especial em se manter ativo com boas leituras ou outras atividades que estimulem mente e corpo.Sem esquecer que tem também o fator “genética” e tantas outras eventualidades que podem nos afetar a saúde.
Envelhecer não é bom nem tampouco ruim. È simplesmente difícil envelhecer.
Envelhecer é uma consequência natural da vida e é preciso que estejamos preparados para esse momento inevitável. Com o envelhecimento não podemos deixar de pensar nas doenças, solidão, dependência física ou psiquica e em certos casos econômica.
A medicina atual tem se esforçado no sentido de fornecer informações sobre a melhor maneira de envelhecer.
Informações estas que realmente são muito úteis , ajudam a ter uma maior consciência do corpo e da mente, assim como ter uma vida mais ativa com cuidados também com a alimentaçao que deve ser equilibrada e saudável. Conselhos que eu sugiro sejam realmente obedecidos
Façamos o que estiver a nosso alcançe e só teremos a lucrar. Mas isso não impede que a velhice continue a ser uma incógnita!
Olá,Edite. Eu não conhecia esse seu outro espaço. Gostei muito de suas reflexões. Envelhecer é mesmo complicado. Creio que somente com fé no coração, apoio e muito amor dos familiares fica mais fácil enfrentar e conviver com as limitações que o tempo nos impõe. Que Deus nos ampare e nos fortaleça sempre!
ResponderExcluirUm grande abraço, na paz do Senhor,
Angela
Olá Angela, obrigada pela visita. O Kantinho dafe é mais dedicado a assuntos de catequese e religiosos de forma geral. Neste outro kantinho exponho assuntos diversos e falo um pouco mais das coisas que vivencio no dia a dia.Fico feliz que tenha gostado e espero contar com sua visita sempre que se dispuser.
ExcluirAbcs
Ah, Edite, a velhice só é boa quando ainda há saúde...
ResponderExcluirRealmente, envelhecer é bem difícil, assim como é muito difícil ver aos que amamos envelhecendo de maneira tão triste...
A sua mãe ainda tem sorte de ter a família que tem...
Quantos pais envelhecem sem o carinho e a atenção dos seus filhos???
E eu, Ana, sinto-me recompensada e feliz por poder redobrar minha atenção nnesta fase difícil da vida.
Excluir