Ontem ela voltou para casa. Estava ansiosa desde a véspera quando soube da alta hospitalar para o dia seguinte.
Foi
difícil convencê-la da necessidade de dormir mais uma noite no
hospital para os últimos procedimentos hospitalares, conforme
oientação médica.
O
sono foi intranquilo e ainda era madrugada quando já me indagava
sobre aquele momento esperado.
Com
sua idade avançada, muitas vezes se perde no tempo e no espaço como
uma criança ainda sem a noção devida do caminhar das horas.
Ficar
confinada num quarto que foge ao seu padrão diário, mesmo com os
filhos a seu lado já condiciona uma rotina diferente daquela a que
está habituada. O entrar constante do pessoal da enfermagem, a
mudança de turnos trazendo sempre um rosto novo também acentua sua
confusão mental.
Felizmente
dessa vez conseguimos administrar bem esse outro lado manifesto de
sua personalidade sem precisar “contê-la” no leito com grades e
amarrações., o que gerou menos estresse tanto para nós
acompanhantes , mas principalmente para ela.
Foram
cinco dias de internação para estancar uma gastrite hemorrágica,
mas que felizmente foi contida a tempo.
É
claro que a perda de sangue e o longo jejum a que foi submetida a
deixaram bem mais fraca.
Pensávamos
até que não levantaria do leito tão cedo. No hospital não
conseguia caminhar e até os procedimentos higiênicos eram feitos
no leito.
Mas
sua fé aliada à força de vontade que tem para viver está sempre
nos surpreendendo.
E
não podia ser diferente dessa vez.
Chegar
em casa reavivou suas forças..
Ao
pisar na soleira da porta seus olhinhos mesmo que embaçados pelo
tempo ainda conseguiram transmitir um brilho de renovação e vida.
Foi
como se alimentasse ao reconhecer cada cantinho e cada objeto seu.
Pensam
que foi se deitar?Não! Pelo menos naquele momento era preciso
aspirar aquele ar revigorante que emanava de cada cômodo de seu lar
doce lar...
Ficou
ali recebendo os vizinhos que acorreram para visitá-la e conforme a
mente lhe permitia narrava o que havia passado.
Apoiada
em sua bengala, companheira inseparável, claudicando e caminhando
vagarosamente lá estava ela como que deixando para traz todo
sofrimento e transtornos de dias anteriores...
Essa
é minha mãe que prestes a fazer 96 anos ainda nos passa essa
energia e vontade de viver tão clara e pulsante...
Feliz
dia das mães, minha querida!
“Já
que não podemos evitar um final repentino,evitemos a morte em
suaves prestações, evitando reclamações, queixas da chuva
excessiva ou do calor desconfortante, deixando de ser uma pessoa
lamurienta. Lembre-se que estar vivo exige um esforço bem maior do
que simplesmente respirar.”
Que estimulante este relato!Nessa idade e não reclama de nada, só coopera com o seu restabelecimento. Feliz dia das mães para ela e que esse evento se repita por muitos anos em sua vida, com lucidez.
ResponderExcluirAbração.
Uma bênção de Deus, Tunim!
ResponderExcluirAh, Edite...
ResponderExcluirQuão maravilhosas são tuas palavras!!!
E mais maravilhosa ainda é a tua atitude!!!
Que o teu amor e o de tua família, dê à tua mãe dias felizes!!!
Admiro-te muito!!!
Aninha, como eu já disse muitas vezes" eu sempre tirando lições de vida com minha mãe"
ResponderExcluirBjs e obrigada pelo carinho!
E de fato, estar vivo é um esforço enorme... Uma grande beijo na sua mãe e pra vc também que é uma mãe sem igual!
ResponderExcluirAh!, Edite, como não viver de bem com a vida se foi criada por uma mãe assim como a sua! -- Agora, como boa menina grande, termine aquele xale em tricô já começado... que ainda dá tempo de aquecer sua mãe nessa dobradinha outono-inverno 2013.
ResponderExcluirPaz
ah, Paz já estou com remorso por tê-lo deixado de lado. Estou pensando em "adquirir " um já pronto ... Bem, aquele parece que não vai sair não...Tenho tantas outras ocupações e acabo me esquecendo do tal xale...
Excluirque linda sua estória e que força tem sua mãe!
ResponderExcluirParabéns para ela!
Respondi sua pergunta em meu blog.
Bjos!
Eilan
borderline-girl.blogspot.com
Obrigada Eilan. este é um assunto que muito me interessa.Bjs!
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