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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carnaval, festa pagã ou cristã? Que máscara você usa?



Carnaval, a festa pagã definida pelo calendário cristão

Uma festa onde tudo pode acontecer. Apesar de ser pagã, a data do Carnaval é definida de acordo com o calendário gregoriano, inventado pela Igreja Católica no século XVI. São exatamente sete domingos antes da maior comemoração cristã: a Páscoa. A confusão entre cristianismo e paganismo não é de hoje, mas atualmente existem diversas alternativas para celebrar o Carnaval, uma das maiores festividades nacionais.

No livro “Carnaval brasileiro” (Brasiliense: 1992), da antropóloga Maria Isaura Pereira de Queiroz, muito antes do cristianismo, o Carnaval era chamado de “Entrudo”, em que comemorava a entrada da primavera. Segundo ela, a festa foi incorporada por um tempo às práticas cristãs e passou a ser comemorada a partir do sábado anterior à quarta-feira de Cinzas. O objetivo era comer e festejar tanto quanto fosse possível, pois a Igreja entraria na Quaresma, tempo de penitência, reclusão e silêncio interior.

Das práticas rituais de tribos indígenas que davam boas vindas à primavera e celebravam a fertilidade, o Carnaval surgiu pelo cristianismo durante a propagação da Igreja pela Península Ibérica. Em Portugal, país de origem da data festiva, as comemorações passaram a ter outros significados. Já não eram mais a primavera ou a fertilidade, mas o contraste entre virtude e vício, vida e morte, Quaresma e Entrudo. Máscaras e fantasias eram utilizadas para representar cada personagem.

O Carnaval sempre foi marcado por contrastes, inclusive os sociais. “A rapidez com que a festa foi adotada pelos cristãos demonstrava a existência de um desejo profundo do povo de revirar a situação de dominação existente, substituindo-a por outra”, afirma Maria Isaura.

De lá para cá, o Carnaval sofreu diversas, grandes e profundas transformações sociais. De rural passou a ser urbano. Deixou de ser elitista e passou a incorporar camadas menos favorecidas. Aos poucos, foi perdendo suas características em Portugal e ganhou força no Brasil, sua colônia. A partir de 1930, as escolas de samba se desenvolveram no país e o Carnaval acabou incorporado à cultura nacional, como sendo uma tradicional festa brasileira.

Data comercial

Há muito tempo o Carnaval deixou de ser apenas um momento para as brincadeiras. Maria Isaura afirma que o Carnaval virou símbolo comercial. “A comercialização do Carnaval tornou a festa uma vitrine de vaidades, uma feira em que tudo se vende, são produtos da sociedade de consumo selvagem que domina o Brasil”.

Desde a década de 1970, empresários e agentes hoteleiros que trabalham em cidades turísticas iniciaram um movimento para determinar uma data fixa para a folia carnavalesca, sob a alegação de que a festa móvel traz prejuízos econômicos ao país. “Uma quantidade de interesses econômicos estão ligados à realização viciosa da festa”, afirma a antropóloga.

Apesar de utilizar o calendário cristão, o arcebispo de Londrina, dom Orlando Brandes faz questão de ressaltar que a festa não faz parte do cristianismo. “O Carnaval não é uma festa religiosa, pelo contrário, é uma festa pagã”, destaca.

Ele explica também a importância dada ao Carnaval pela visão comercial. “Os comerciantes querem desvincular o Carnaval da Quaresma porque ele ocorre em fevereiro, que é temporada de verão e as pessoas entram em clima de Quaresma e abandonam as praias. Este vínculo entre fim do Carnaval e início da Quaresma é uma questão histórica”, aponta dom Orlando.

Inversão de normas

A festa carnavalesca permite ultrapassar os limites da conveniência, pois há uma inversão de normas. Ou seja, tudo o que é proibido cotidianamente torna-se liberado. “No Carnaval, é preciso tomar cuidado com Aids, alcoolismo, acidentes, infidelidade conjugal, gravidez indesejada, falência de casamentos e fracassos familiares. Muitas pessoas perdem o bom senso, fazem algazarra, barulho e até agridem”, alerta o arcebispo.

Testemunho de vida é o que os cristãos devem fazer, na opinião de dom Orlando, durante os dias de Carnaval. “É preciso muito cuidado, discernimento e bom senso.” Segundo ele, festejar de uma forma cristã é algo recente. “As pastorais, os movimentos eclesiais, as novas comunidades e as paróquias se mobilizaram para realizar o tipo de carnaval cristão”, observa.

Alegria cristã, retiros, estudos, encontros, adoração são algumas das alternativas sugeridas pelo arcebispo. “Oferecer oportunidades de retiros ou reforçar a adoração reparadora dos pecados cometidos no Carnaval civil. Cada diocese realiza o Carnaval cristão ao seu modo”, sugere. Reservar dias de férias, visitar parentes realizar viagens culturais, aproveitar o tempo para leituras, retiros, adorações, vigílias ou outras experiências espirituais são outras sugestão de dom Orlando.
Fonte: Comunidade Imaculada

Um comentário:

  1. Edite, eu nunca gostei do Carnaval, aliás, aqui em casa ninguém gosta.

    Achei esse seu texto muito elucidativo, eu não sabia de nada disso, pois por não me interessar pelo assunto, leio muito pouco sobre.

    Obrigada pela "aula".

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