Logo que cheguei à porta do
consultório lamentei ter-me esquecido do livro que havia planejado
levar, a fim de tornar menos penosa a espera.
Algumas
pessoas já se encontravam ali dentro . Umas estavam tão entretidas
com a leitura que nem levantaram o olhar quando entrei. A
recepcionista do outro lado do balcão parecia aborrecida. Chamou-me
como se fosse me aplicar um castigo. Bem, mas prá falar a verdade
ela deve ter intuído que seria mesmo um castigo o exame que eu
iria fazer. Não era nada agradável.
Sentei-me
disposta a esperar. A TV não oferecia nada atraente e as
revistas...bah! Estas, sem comentário.
Chamou-me a atenção o
jovem casal que entrou dali há instantes.
Ela, tão bela no seu
rosto juvenil, pele de porcelana e um leve sorriso no canto dos
lábios.
Aquele ar maternal , aquela
doçura que só as gestantes sabem o segredo.
O
ventre proeminente indicando que a gestação já estava em sua
última fase, também indicava um perfil mingnon.
Ele,
sisudo, cabisbaixo, indiferente. Sentou-se e imediatamente apossou-se
de seu tablet e um celular que colocou do lado no assento e que
consultava sempre. Os dedos ágeis não arredavam da tela do tablet.
Nem tampouco seu olhar. Parecia isolado de tudo e de todos.
Freneticamente manipulava aquela tela, enquanto a jovem mamãe
parecia impaciente apesar do ar angelical que portava. Levantava-se
a todo momento numa ansiedade visível.
Dali
a instantes a recepcionista a chamou. Ela toda meiga se dirigiu ao
marido : Mor, sobe comigo? ( a sala de consulta era no piso superior)
Indiferente
ele apenas resmungou que ela fosse indo que ele iria depois “se
precisasse”.
Docilmente ela obedeceu.
Docilmente ela obedeceu.
Eu
fiquei ali a me questionar como era possível tamanha frieza diante
da chegada possivelmente do primeiro filho. Pensei na insegurança
daquela doce jovem. Quantos anos teria? Talvez 18 ou até menos....
Cogitei sobre seus medos, ansiedade frente ao caminho da
maternidade, um percurso nunca antes trilhado....
A
maternidade é uma escolha que exige maturidade e responsabilidade,
além de muita força e coragem para enfrentar com sabedoria as
dificuldades que provavelmente surgirão. E que esta mãe já está
enfrentando...
Mas,
paternidade não exige também a mesma maturidade e responsabilidade?
Não são ambos responsáveis pelo pequeno ser anunciado?
É
a doce e jovem mamãe já misturando dor e alegria diante dessa sua
primeira experiência de maternidade.
Prazer
pelo sonho realizado, ansiedade diante do desconhecido e frustração
diante da indiferença do companheiro.
Dentro
de uns 30 ou 40 minutos ela desceu. A indiferença continuou. Nenhum
sorriso, nem um olhar interrogador diante da jovem mamãe que pela
aparêmcia poderia até já ter deixado marcado a provável data do
parto...
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- salas de espera
Também como tu, gosto de perceber os lugares que frequento. Fico impressionada com casos como deste pai. O que será dela quando a hora chegar? Ou se tiver que acordar à noite para atender o bebê?Poderá contar om ele? Ou o tablet será também mais importante; Dá uma raiva e uma pena de assistir casos assim.
ResponderExcluirPena, mas ele nem sabe o quanto há de perder na vida , momentos lindos, se assim continuar. Tomara mude! beijos,chica
Impressionou-me a juventude da moça! Tão jovem e já enfrentando uma situação assim1 Fico pensando como será sua vida após o nascimento do bebê...
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Só nesse tipo de ambiente que dou uam conferida nas revistas de celebridades. Rs... Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net
ResponderExcluirAh, Edite, isso é muito triste...
ResponderExcluirSe ele a trata assim em um momento em que nós, mulheres, ficamos tão sensíveis, imagine com não será depois...
Sinto também pena da criança que, pelo que parece, não terá muito apoio do seu pai...
Mas tudo pode mudar, né? Quem sabe qunaod ele vir o sorriso do bebê ele amoleça o coração???