Cheguei à
Clínica de olhos pela metade da manhã. Dezenas de pessoas já
aguardavam na sala de espera. Não era preciso muita imaginação
para deduzir que a espera seria longa.
Enquanto
aguardava , passeei meu olhar pelo recinto, inclusive porque estava
atenta a buscar um lugar assim que alguem se levantasse.
Todos ali
com o mesmo objetivo: sanar ou pelo menos aliviar o mal oftalmológico
que o limita.
Eu
particularmente, estava ali para realizar alguns exames que
detectariam a evolução do glaucoma descoberto casualmente em
consulta rotineira ao oftalmo.
Tal como o pneu de um carro, o olho
tem uma pressão interna. O glaucoma resulta de uma incapacidade para
regular corretamente esta pressão. Quando a pressão no interior do
olho for muito elevada, pode causar danos aos nervos ópticos. Se não
for tratado, o glaucoma pode causar cegueira.
A partir desse diagnóstico, faço
controle regularmente.
Em estágios iniciais, o glaucoma
pode ser facilmente tratado com gotas oftálmicas. Em casos mais
graves, o tratamento pode envolver o laser ou a cirurgia. Os nervos
que já estiverem danificados não podem ser recuperados, mas os
nervos saudáveis podem ser protegidos.
Enquanto observava, notei rostos
apáticos, indiferentes ou de olhar abstraído, todos muito sérios e concentrados.
Mas o que chamou-me a atenção foi uma jovem e simpática mamãe com seu bebê no colo. Aparentava ter menos de um ano, muito bem cuidado e esperto. Deduzi que o paciente era o bebê, caso contrário a mãe não o teria levado consigo. Alguma doença congênita ,talvez.
Não pude evitar de fazer uma comparação com o frágil senhorzinho que caminhava com dificuldade apesar de estar apoiado em um andador. Percebi quando o vi tatear para se sentar que a visão pouco lhe ajudadva.
Mas o que chamou-me a atenção foi uma jovem e simpática mamãe com seu bebê no colo. Aparentava ter menos de um ano, muito bem cuidado e esperto. Deduzi que o paciente era o bebê, caso contrário a mãe não o teria levado consigo. Alguma doença congênita ,talvez.
Não pude evitar de fazer uma comparação com o frágil senhorzinho que caminhava com dificuldade apesar de estar apoiado em um andador. Percebi quando o vi tatear para se sentar que a visão pouco lhe ajudadva.
Dois extremos: uma criança que
necessita corrigir provável dificuldade oftalmológica para se
sentir inclusa na sociedade. Tem uma longa caminhada pela frente,
muitas conquistas a serem feitas, muitos sonhos a realizar. Enquanto
o bom velhinho apenas gostaria de enxergar melhor para melhor
caminhar e conquistar uma maior independência nesta última fase de
sua vida..
Dois sonhos, duas realidades
opostas. Dores que precisam ser aplacadas e que tornam as pessoas tão vulneráveis.
“É a
vida como ela é”. Não “a vida como ela é”, tão
bem retratada pelo jornalista e escritor Nelson Rodrigues. Mas a realidade do
cotidiano de nossas vidas muitas vezes tão sofrida, onde esperança
e desesperança se mesclam e se confundem dando um colorido triste e
muitas vezes pessimista à vida.
Naqueles rostos, inclusive em mim,
pude sentir toda vulnerabilidade a que o ser humano está exposto. Em
nossos semblantes estava o sinal de que muitas de nossas dores não
poderão ser aplacadas e que grande parte das necessidades que
trazemos conosco jamais serão plenamente satisfeitas.
Fizeste uma sábia e linda reflexão dessa observação na sala de espera.Valeu! beijos,lindo fds!chica
ResponderExcluirPois sim , Chica. É nesses momentos que nos deparamos com a realidade dura da vida que muitas vezes nos passa despercebida.
ExcluirEdite, você é mesmo uma pessoinha bem especial, né?
ResponderExcluirLinda essa sua observação, seu jeito emocionado e ponderado de ver as dores alheias...
abe Ana, é nestes lugares que nos deparamos com as dores alheias...e isto sensibiliza.
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