Ontem me
sentei para aparar as unhas de minha mãe. Uma tarefa que venho fazendo
sempre, embora ela insista que não precisa. Ela mesma as cortará,
costuma dizer.
E quando
pego em suas mãos viajo numa infinidade de pensamentos diante
daquela pele enrugada e de dedos nodosos e calejados.
As mãos
de minha mãe me colocam diante de uma realidade da qual é
impossível fugir.
E ali,
enquanto aparo as suas unhas eu penso nas horas incontáveis de
trabalho que já suportaram.
Mãos
que acariciaram, acalentaram e até se rebelaram Mas que muito cedo
conheceram a dureza e aspereza dos trabalhos.
Mãos
que já lavaram, passaram , cozinharam interminavelmente sem descanso
e sem reclamar.
Mãos que
aos 80 anos ainda lhe permitiram aperfeiçoar-se na escrita. E que
ainda hoje lhe ajudam na compreensão de pequenos textos.
Mãos
que não tiveram tempo para exercitar-se nas artes plásticas. Mas que
não deixam de ser mãos de artista habilidosa. Porque na
necessidade teve que descobrir sozinha seus dotes para costuras.
São mãos
que já uniram retalhos com cuidado e maestria para me aquecer no
frio do inverno.
Lembro-me
quando criança, minha mãe com mãos hábeis e delicadas
desmanchando peças velhas de roupa para obter o molde e em assim
costurar outra peça. Tinha uma pequena máquina de costura manual. E
dali, quantas peças surgiram para vestir os filhos seus!
Quando
meu pai comprou para ela uma máquina de costura movida a pedal, foi
uma alegria total. Uma grande conquista! Ninguem a segurava mais. E
foi com ela também que tive minha iniciação em costura.
As mãos
de minha mãe hoje fracas e quase esqueléticas, foram as ferramentas utilizadas
para abraçar a vida, para acolher, abençoar e unir-se em oração.
Já foram
mãos abençoadas no plantar e no cozinhar. Sempre manteve no
quintal um pequeno canteiro de verduras e ervas aromáticas.E a erva
daninha, ela mesma arrancava, com as próprias mãos ou com uma
enxada se precisasse.
Mãos que
já lhe foram muito úteis no vestir e no banhar-se. Na sua higiene
pessoal e no alimentar-se.
Mas suas
mãos hoje já cansadas e lentas, não funcionam como dantes. Mas
ainda conseguem ampará-la no lento caminhar apoiada em sua
bengala.
As mãos
de minha mãe me contam tanta coisa! Além de trabalho, falam-me
inclusive de amor, paciência e resignação. Mãos que me colocam
diante de minha própria fragilidade e fazem refletir sobre a
efêmeridade da vida.
Mãos de
minha mãe, mulher íntegra e vitoriosa!
Olhando para suas mãos, eu me vejo amanhã...
Olhando para suas mãos, eu me vejo amanhã...
Lindo e tão doce esse texto ,cheio de carinho transbordando!!Tanto podemos ver nas mãos de nossas mães... Adorei! beijos,chica
ResponderExcluirÉ Chica, as mãos de nossas mães são reveladoras...
ExcluirOlá, tudo bem? Fico feliz ao ler seu comentário no meu blog!!!! Realmente Salve Jorge está mais para Dorme Jorge... Rs... Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net
ResponderExcluirOlá Fábio, tb fico feliz com sua visita. Volte sempre
ExcluirEdite, esse é um dos textos mais lindos que você já escreveu!!!
ResponderExcluirMãos lindas, pois são mãos que amaram e educaram seus filhos.
Mãos sábias, mãos experientes.
Mãos que deixaram sua marca no bondoso coração de seus filhos e, certamente, das pessoas que por ela foram tocadas.
Mãos que doaram carinho tão bem que até hoje faz com que as pessoas que amaram, amam e respeitam essas mãos, estejam sempre à sua volta, cuidando para que essas mãos não mais se cansem.
Mãos que levaram outras mãos a escreverem tão bela crônica!!!
Ana, vc me comoveu com seu comentário. Palavras tão gentis , compreensivas que só alguem que muito ama é capaz de proferir. Lindas palavras que completaram com maestria meu texto. Vc me sensibiliza. Abcs.
ResponderExcluirEdite, sempre emocionando a gente!
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